Trilha da Música – Orientações Pedagógicas (Livro do Professor)
A coleção Trilha da Música é uma série composta por cinco livros didáticos para o ensino de música de 1º a 5º anos do Ensino Fundamental. Fruto de mais de 20 anos de pesquisa e experimentação da autora com base na obra do educador musical inglês Keith Swanwick, a proposta estimula a criação individual e coletiva, a apreciação de obras de tradições diversas, o canto, a performance instrumental e a construção de instrumentos alternativos. É dada ênfase à experiência musical ativa, privilegiando-se a notação gráfica e apresentando-se, oportunamente, a notação tradicional. Os conteúdos são explorados de uma maneira instigante que integra temas transversais (história, geografia, literatura, cinema, poesia, teatro, ciências, ecologia e acústica) e outros de cultura geral e artística. Cada livro contém por seis capítulos temáticos e um álbum de retalhos - Scrapbook, com cartões para a criança destacar, jogar e criar suas partituras utilizando notação alternativa e tradicional, conceitos e elementos expressivos da música. Todos os livros incluem CD com um repertório variado para apreciação.
Os livros são visualmente estimulantes, todos em cores e ricamente ilustrados. Os textos dialogam com a criança, estimulando-a a se posicionar expressiva e criticamente em relação às experiências realizadas. Convocações específicas, como “Reúna sua turma” e “Convide seus amigos”, direcionam o foco para atividades coletivas capazes de promover o desenvolvimento sócio-emocional da criança. Propostas-âncora, tais como “Experimentando”, “Você sabia?” e outras, criam uma cultura de pesquisa sonora e sua imediata aplicação musical.
Com a volta da obrigatoriedade do ensino de música nas escolas (Lei 11.769/08), Trilha da Música se torna uma ferramenta indispensável para o educador musical.
Trilha da Música v.1 - 1º ano
Ricamente ilustrado, oferece canções, histórias, atividades de criação e apreciação musical para a criança experimentar sonoridades e possibilidades expressivas. Estruturado em capítulos temáticos a partir de canções elaboradas que disparam os vários conteúdos. Texto em caixa alta. Inclui CD e jogos.
Ouça algumas faixas do CD:
Lobo Mau
Verde
Menina
Trilha da Música v.2 - 2º ano
Trabalha conteúdos como alturas, melodias, ritmos, timbres, expressividade e forma musical por meio da criação individual e coletiva, da percepção e apreciação de amplo repertório e da performance vocal e corporal; explora também a construção de instrumentos e a escrita musical gráfica. Introduz os fundamentos da escrita musical tradicional. Ricamente ilustrado, explora temas interdisciplinares, a cultura geral e artística. Incluem CD e o Scrapbook.
Ouça algumas faixas do CD:
Vermelho
Amarelo
Azul
Pele
Trilha da Música v.3 - 3º ano
Trabalha conteúdos como alturas, melodias, ritmos, timbres, expressividade e forma musical por meio da criação individual e coletiva, da percepção e apreciação de amplo repertório e da performance vocal e corporal; explora também a construção de instrumentos e a escrita musical gráfica. Introduz os fundamentos da escrita musical tradicional. Ricamente ilustrado, explora temas interdisciplinares, a cultura geral e artística. Incluem CD e o Scrapbook.
Ouça algumas faixas do CD:
Duna
Cavalo-marinho
Trilha da Música v.4 - 4º ano
Além dos conteúdos dos volumes anteriores, são trabalhados estilos, história, forma musical, ecologia e acústica por meio da criação, da percepção e apreciação e da performance. Aborda a escrita musical convencional de maneira funcional e gradativa. Inclui CD e o Scrapbook.
Ouça algumas faixas do CD:
Casa de vó
Meu rap tem que ser happy
Segura a onda
Trilha da Música 5 - 5º ano
Além dos conteúdos dos volumes anteriores, são trabalhados estilos, história, forma musical, ecologia e acústica por meio da criação, da percepção e apreciação e da performance. Aborda a escrita musical convencional de maneira funcional e gradativa. Inclui CD e o Scrapbook.
Ouça algumas faixas do CD:
Pietro e Maria
Samba pra lua vir
Garimpeiro
Morena de Angola
DOM
DOM vê com os ouvidos, com as mãos, com a emoção, com a imaginação. Aprende a encontrar cada tecla e a deslizar melodias e, assim, compartilha a descoberta da música com seus amigos.
Se essa música fosse minha
Um garoto torna-se regente do próprio destino. Uma história sobre a superação por meio da música, da criatividade, do amor e da amizade.
Estradinha real
Estradinha Real conta uma poética aventura de quatro crianças que viajam no tempo para o século XVIII. Em Ouro Preto, Diamantina e no Rio de Janeiro, encontram personagens encantadoras, com as quais aprendem sobre história e valores. Inclui um CD com as dez músicas que enfeitam a história, incluindo duas faixas inéditas.
O silêncioso mundo de Flor
Flor é uma menina surda. Téo, seu amigo, companheiro de aventuras cotidianas.
"Um dia, Téo puxou Flor pela mão. Saíram correndo morro abaixo. Entraram em um grande barracão, cheio de... (“o que era aquilo?”) instrumentos musicais. Flor nunca havia visto instrumentos musicais. Téo fazia gestos. Batia as mãos naqueles objetos. Batia baquetas naqueles objetos. Raspava e sacudia aqueles objetos. Flor não entendia. Seu mundo era só silêncio. Flor desejou segurar um instrumento. Téo escolheu um tambor enorme chamado surdo."
E, assim, Flor descobriu um mundo novo.
A história, tocante, fala de amizade, solidariedade e inclusão, e tange temas como educação ambiental, saúde e cidadania. Contempla elementos musicais como som e silêncio; intensidade; sons do ambiente natural e do cotidiano; timbres; instrumentos de percussão; andamento; ritmos; modos de produção do som; grafias musicais alternativas; estilo; acústica.
Música no ZOO
ZOO era um zoológico diferente. Lá, bicho falava, bicho cantava, bicho tocava até instrumento. Mas, não tinha plateia, uma banda tão legal!
Então, Dante teve uma ideia, para lá de original:
fazer um show...
... convidar criança...
... estourar pipoca...
... dar uma festança!"
Na história, cada bicho toca um instrumento e, juntos, formam uma banda. Já que não têm plateia, decidem fazer uma festa e convidar as crianças para tocar com eles. Para que todos possam participar, eles pintam audiopartituras no muro, combinando os sons dos instrumentos em notação gráfica.
O livro é um paradidático para crianças de seis a oito anos, que propicia o trabalho de vários temas: instrumentos musicais; timbres (vocais, instrumentais, vozes dos animais); caráter expressivo; altura e duração dos sons; notação musical analógica;
textura; arranjos instrumentais. Além disso, promove o afeto e o respeito pelos animais, envolvendo-os no mundo imaginário-musical da criança.
Rádio 2013
Rádio 2031 é uma história divertida que estimula a criação e a imaginação musical das crianças. Ástul é o apresentador da Rádio, que transmite raios musicais intergalácticos cheios de possibilidades musicais. As três histórias que compõem o livro dão asas à imaginação. A primeira, “Este compositor é uma estrela”, explora maneiras diversas de realização das bolhas musicais criadas pelo compositor Mlufton. Variando-se a velocidade, a altura, o timbre e a intensidade, o ouvinte pode criar nuances de caráter expressivo, utilizando sons vocais, corporais ou instrumentais (convencionais ou alternativos).
O “Portal do tempo” leva Ástul até Pitágoras, na Grécia Antiga, e instiga a criança a imaginar sons associados à movimentação dos planetas. Na interpretação das audiopartituras, podem ser trabalhados aspectos como densidade, textura, adensamento (o céu se enchendo de estrelas) e rarefação (as estrelas se apagando), intensidade, timbres, durações.
A última história, “Vibra-som”, aborda acústica e ecologia sonora de maneiras sensíveis e imaginativas: trabalha a associação entre energia sonora e caráter expressivo; sugere projetos de reciclagem e construção de instrumentos alternativos; conscientiza sobre a importância da relação entre som e silêncio; e, por fim, convida à criação musical a partir de temas como Dança do robô engasgado, Variações sobre espirros de astronauta e outros...
Conecte suas antenas de dedo e - Witz!
Poemas Musicais: ondas, meninas, estrelas e bichos
Este livro contém as letras, cifras, ilustrações e partituras de 20 canções, doze das quais compõem o Cd Poemas Musicais. Elas são agrupadas em quatro capítulos temáticos:
Este livro apresenta composições criadas por alunos de 11 a 13 anos durante minha pesquisa de Doutorado. As peças revelam grande diversidade e riqueza musical. Mesmo valendo-se de uma técnica pianística elementar, os alunos produziram músicas com notável variedade de ritmos, caráter expressivo, idiomas, harmonia, forma e textura. Elas são apresentadas dentro da proposta do Modelo C(L)A(S)P de Swanwick (1979). O aluno é convidado a criar suas próprias composições, a experimentar conceitos e elementos musicais específicos, a ouvir um repertório relacionado às peças, visando seu desenvolvimento técnico e musical.
Festa mestiça: o Congado na sala de aula
O Congado é uma manifestação da cultura popular presente em todo o Brasil. Festa Mestiça traz o universo congadeiro
para a sala de aula, apresentando sua história, suas crenças, suas sonoridades instrumentais e vocais, sua devoção.
O livro retrata as tradições de Montes Claros, cidade do norte de Minas Gerais, apresentando os ternos de Caboclinhos,
Marujos e Catopês, com seus cantos, instrumentos e rituais. Inclui CD com 33 faixas arranjadas e gravadas por Yuri Popoff.
Turma do som - Manual do professor
Material complementar à Plataforma de Educação Musical Turma do Som.
Turma do som 1
Material complementar à Plataforma de Educação Musical Turma do Som.
Turma do som 2
Material complementar à Plataforma de Educação Musical Turma do Som.
Jogos Pedagógicos para Educação Musical
Os Jogos Pedagógicos consistem de atividades lúdicas coletivas que se apoiam em material concreto para promover o automatismo gradativo de elementos da teoria musical, observando-se os pré-requisitos necessários à compreensão dos diversos conteúdos e respeitando-se as etapas do desenvolvimento cognitivo da criança. Nesta abordagem, os alunos vão construindo, passo a passo, a representação mental e abstrata dos elementos da linguagem musical, complementando e enriquecendo a experiência direta com os elementos musicais dentro de uma visão abrangente da educação musical.
A obra apresenta 85 jogos que alternam modalidades como bingos, dominós, jogos da memória, formação de pares, trilhas, jogos com dados, de montar seqüências, de classificar, cartelas para preencher e outros. Eles são organizados em sete capítulos temáticos complementares que trabalham o automatismo dos seguintes conteúdos:
- Ordenações dos nomes das notas em graus conjuntos e terças;
- Notação musical gráfica aproximada e notação convencional, leitura relativa e absoluta;
- Alturas: movimento sonoro, planos de altura, padrões melódicos diatônicos, intervalos, padrões atonais;
- Durações: sons curtos e longos, figuras e pausas, padrões rítmicos em diversos níveis; relação de dobro e metade e valor relativo das figuras, compassos simples e compostos;
- Escalas maiores e menores, armaduras de clave, enarmonia, sinais e convenções diversas;
- Formas e estilos musicais, compositores e história da música.
A expressividade dos sons curtos e longos – Atividades 2
O tema “ritmo” ou “durações” apoia-se primordialmente na duração relativa dos sons. Da combinação de sons curtos e longos, acrescidos de silêncios e acentos, derivam-se todos os padrões rítmicos. Estes podem ser regulares, ou seja, medidos ou métricos, associados ao pulso constante; ou podem ser irregulares, aleatórios, não métricos. Ambos, padrões de sons regulares e irregulares, ocorrem tanto na música quanto na natureza e no cotidiano.
Esse aspecto do universo musical é talvez o que se preste de maneira mais imediata à expressão pelo movimento – um dos principais fundamentos da educação musical – e à representação gráfica, ou analógica. Como o nome indica, esta se baseia na analogia entre propriedades do campo auditivo e do visual. Sons remetem-nos a formas visuais e vice-versa.
No processo de musicalização a escrita analógica tende a se desenvolver naturalmente. Pontos, linhas, contornos, emaranhados e arabescos surgem como continuidade da movimentação pelo espaço. Enquanto a escrita tradicional no pentagrama requer longo aprendizado, a notação analógica é quase inequívoca: sons curtos são representados por pontos ou traços horizontais pequenos; sons longos, por traços mais compridos. Assim, a notação rítmica analógica pode ser precisa, aproximada ou indefinida conforme o contexto rítmico seja regular ou irregular.
Inúmeras estratégias são empregadas para se trabalhar a relação entre sons curtos e longos na educação musical. Atividades de reação a estímulos sensoriais táteis (toques no corpo), visuais (seguir a regência), sonoros (reagir aos sons ouvidos), com bola, de exploração da grafia, leitura, trabalho com material concreto proporcional e outros são bastante conhecidos.
Mas, muitas vezes, essas atividades se limitam ou se encerram no trabalho de reconhecimento e de reprodução sonora, não raro de maneira mecânica, pouco musical. Na verdade, permanecem focados no âmbito dos materiais sonoros, apenas, sem que haja uma exploração expressiva ou uma abordagem estrutural desses materiais.
Afinal, para que as crianças irão aprender a distinguir, reproduzir e grafar sons curtos e longos senão para transformá-los em música? A ideia é que, partindo-se dos sons, sejam delineados gestos expressivos e estruturas musicais.
Padrões de sons curtos terão um caráter expressivo completamente diferente se realizados em andamento rápido ou lento; forte ou piano; grave ou agudo; pela voz ou por instrumentos (essa experimentação por si só já é extremamente musical!). Sons longos podem conter um crescendo, movimentar-se entre o grave e o agudo, criar sensação de repouso ou de expectativa.
Curtos e longos podem se combinar de diversas maneiras, em sobreposições, justaposições, contrastes súbitos ou mudanças gradativas. Podem dialogar, alternando-se de maneira equilibrada, com intervalos de silêncio ou não; uns podem se destacar sobre os outros ao fundo. Enfim, é um vasto menu para experimentação, improvisação e composição.
A audiopartitura abaixo tem dois estratos: um com sons curtos, repetidos, mais agudos, sem alterações do começo ao fim; outro com um som contínuo que se move à vontade dentro do registro médio-grave.
Nessa atividade aparentemente simples surgem oportunidades para escolhas seriamente artísticas e estéticas. Como não há nenhuma indicação, a audiopartitura pode ser realizada em andamento rápido ou lento; em intensidade forte ou piano; com caráterdelicado ou nervoso; como chuva sobre um horizonte montanhoso; como marteladas e serra elétrica numa carpintaria; como o tic-tac do relógio e o ronco do seu avô.
Observe como as escolhas feitas pelo compositor determinaram o caráter doce e solene da peça. O piano surge realizando acordes no registro médio, em dinâmica piano. Geralmente, em uma peça para piano e orquestra, é o primeiro que faz o solo, acompanhado pela orquestra. Em Tartarugas, a inversão de papéis é saborosa. Sobre o acompanhamento do piano entram as cordas, no registro médio-grave, em pianíssimo, realizando uma melodia tranquila, legato, em frases longas e dilatadas no tempo – tão dilatadas, que quase não se reconhece a melodia do Can-can, tema de Offenbach. Aqui esse tema é completamente transformado: a melodia das dançarinas, rápida e articulada, desaparece e dá lugar às enormes frase em legato, solenes e misteriosas, serenas e velhas como as tartarugas – as grandes, no caso. Não lhe parecem velhas as tartarugas?
Uma experiência sublime é vivenciar a percepção dos dois estratos (piano e cordas) por meio do movimento, realizando-se uma partitura viva. Formam-se dois grupos: um no círculo externo, movendo-se e expressando com gestos a linha dos acordes do piano, leves mas com personalidade; o outro grupo, ao centro, realiza as longas e elegantes frases das cordas, sustentadas como movimentos de Tai Chi Chuan. Depois, inverte-se: sons curtos ao centro, legatos na roda. Ora os acordes envolvendo as linhas das cordas, ora estas contendo os sons do piano. Uma escultura dançante!
Através do movimento, nosso corpo faz a mediação entre o domínio visual e o auditivo. Volte à audiopartitura inicial e ouça a peça mais uma vez. Como lhe parecem ambas, música e partitura, após essas experiências?
Quanto mais oportunidades de escuta e experimentação, mais as crianças poderão colher, dentre um amplo repertório de ideias, inspiração para as suas próprias criações musicais, usando instrumentos convencionais ou alternativos, voz, percussão corporal e movimento. Reciprocamente, podemos partir de notações simples e criar e mundos sonoros extraordinários.
Que tal fazer música a partir desses incríveis estímulos?
Para o pintor Wassily Kandinsky, a linha é um ponto em movimento.
“Nunca, antes de Klee, havia-se deixado uma linha sonhar” (Bergson, em O olho e o espírito”, de Merleau-Ponty, 1961).